22 de agosto de 2015

Macapá: a cidade dos "elefantes brancos"


De acordo com Ari Riboldi, professor e autor do livro “O Bode Expiatório”, a expressão “elefante branco” teve origem no antigo Reino de Sião, atualmente Tailândia, onde o elefante branco era um animal raro e sagrado e quando um era encontrado, deveria ser imediatamente dado ao rei. Se algum dia um dos cortesãos desobedecesse ao rei, este o presenteava com um elefante branco. O presente não poderia ser recusado, pois era um animal sagrado e um presente real. “A obrigação era cuidar, alimentar e manter o pelo do animal sempre impecável - o que representava grande custo e trabalho constante, sem nenhum retorno ou utilidade prática.” (1)


Se você mora em Macapá provavelmente já se habituou a certos “elefantes brancos” presentes na paisagem urbana da cidade. Muitas vezes essas estruturas abandonadas tornam-se matérias jornalísticas onde o máximo que se especula sobre tal problemática é a atração de criminosos. De fato, qualquer imóvel que não cumpra com a sua função social, contribui para uma cidade mais segregada e mais violenta. No entanto, esse ponto de vista é insuficiente para mostrar a escala da problemática. O problema reside, na verdade, na desqualificação do espaço urbano por esses prédios inacabados e completamente abandonados. Uma das características necessárias para que os espaços na cidade sejam agradáveis e seguros é a existência de uma certa diversidade de atividades que atraiam as pessoas para o convívio no espaço urbano.

A presença de um elefante branco rouba a vida da cidade, desqualifica sua paisagem, desvaloriza a vizinhança, além de representar um grande prejuízo para o proprietário. Certamente empreendimentos como esses resultam de uma falta de planejamento por parte dos investidores que decidiram “confiar nas intuições” sem muita preocupação de entender a complexidade de se construir uma edificação. Muitas obras param ainda na etapa de licenciamento. O empreendedor investe primeiro na construção deixando o licenciamento por último, dessa forma quando a Prefeitura Municipal constata incompatibilidades no projeto e/ou irregularidades na obra, o embargo será inevitável.

Por mais que o procedimento de licenciamento de obras seja lento e burocrático, é fundamental chamar a atenção para as externalidades negativas que esses empreendimentos mal dimensionados e planejados causam à cidade. Consultar profissionais especialistas e se munir de informação nunca é demais, pois os custos de investimento na fase de planejamento do empreendimento não se comparam com os custos muitos superiores de remediação dos problemas. Portanto, planejar, além de ser um ato de bom senso, deve ser também um ato de cidadania.
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(1) Origem da expressão “elefante branco”
Via Terra


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