15 de janeiro de 2011

Vila Serra do Navio: uma história que precisa ser contada

Prédios deteriorados, sujos e descaracterizados, ruas sem arborização e passeios destruídos pela ação do tempo, nem parece uma obra arquitetônico-urbanística de raro valor histórico e cultural no Brasil. É assim que se encontra a Vila Serra do Navio. Longe de ser a Vila daqueles tempos de prosperidade econômica e social proporcionada pela exploração do minério de manganês pela ICOMI, Serra do Navio desperta um sentimento de indignação em qualquer um que conheça sua história e/ou simplesmente tenha bom senso.
As casas que foram pensadas para funcionar no clima quente e úmido da nossa região agora possuem condicionadores de ar, telhados estendidos, muros, janelas de vidro... etc. foram “adaptadas” para as novas necessidades dos novos moradores, muitos dos quais não têm ligação com a empresa que construiu a Vila. A Vila agora possui um outro quadro social.
Apesar de grande parte da arquitetura estar modificada ainda é possível recuperar e preservar. Na arquitetura das habitações as venezianas, que constituem a identidade visual marcante das casas deixam de ser um elemento funcional para ser também um elemento estético de visual tipicamente moderno, o moderno do arquiteto Oswald Bratke. Às vezes é mais fácil identificar uma casa pela cor das venezianas (que variam entre laranja, amarelo, cinza...), do que pelo número da casa. Segundo Bratke esse esquema de cores tem o objetivo de contrastar “com a monotonia do verde da floresta e do azul do céu”.
A Vila Serra do Navio tem um enorme potencial turístico cuja maior atração é a sua própria história contada através da arquitetura e do desenho urbano. Andar pelas ruas da Vila, visitar seus prédios modernos e descobrir em cada detalhe a engenhosidade de um grande expoente da arquitetura nacional é uma lição de arquitetura para toda a vida, pois nos mostra como a arquitetura deve ser generosa, útil, simples e bonita, sempre em diálogo com o meio ambiente.
“É recomendável, para o convívio amistoso e duradouro em vilas como essa do Amapá, a contratação de especialistas em Relações Sociais e promotor de atividades esportivas, sociais, para tornar mais cheios os momentos de ócio, evitando-se assim uma apatia nociva à vida em sociedade.” BRATKE (Memorial do projeto)
Serra do Navio é assim uma espécie de pedra preciosa rara, que precisa ser trabalhada, lapidada para que as marcas do tempo e da incompetência administrativa não ofusquem a beleza desse conjunto arquitetônico-urbanístico e não deixem que uma história tão importante para o Estado do Amapá se acabe.

G4

2 comentários:

  1. Fui em Serra do Navio no ano em que a Icomi saiu de lá, já estava deteriorado, porém ainda se percebia a beleza arquitetônica da cidade, vejo as fotos atuais, e a cidade pareçe irreconheçivel.

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  2. Ex-morador, Fercy Nery:Através de fotos recentes, constato que a Serra está bastante distante daquela cidade que oferecia qualidade de vida e onde vivi parte da minha infância.Se é parte do Amapá, que responsabilidade tem o(s) Governo(s) do Amapá sobre esse triste e irresponsável abandono, arquitetônico e histórico? Seria oportuno voltarem para banco de uma escola esses administradores públicos e políticos Amapaenses.Eles bem que poderiam ficar abandonados na hora do voto. Pensem nisso serranos/Amapaenses (e-mail-neribrazil@bol.com.br).

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