3 de novembro de 2011

Sobre a orla urbana de Macapá


Grande parte da orla de Macapá é singular por diferentes motivos, mas principalmente por se tratar de uma área com sua paisagem natural ainda muito preservada, apesar de se tratar de uma orla urbana, e que abriga atividades humanas tradicionais, como a carpintaria naval, que conformam uma paisagem tipicamente nortista, um fragmento ribeirinho que resiste às pressões da outra cidade, a que se globaliza e evolui.
 
Graças a estas características a cidade de Macapá possui elevado potencial turístico, entendendo turismo como a atividade descrita pelo Ministério do Meio Ambiente como “o movimento temporário de pessoas para local diferente de suas residências e trabalhos habituais, as atividades realizadas durante sua permanência e as facilidades criadas para atender as necessidades dessas pessoas” (FERREIRA E COUTINHO, 2002) e a Organização Mundial de Turismo define turismo por:

“Como o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares distintos do seu entorno habitual, por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado.” (CUENTA, 2001 apud IBGE, 2010)

É dessa forma uma atividade relacionada com a necessidade do ser humano de viajar conhecer novos lugares, ampliar suas perspectivas e para tal “os homens viajam muito para diferentes espécies de lugar à procura de diferentes distrações por serem volúveis cansados de uma vida mansa, e por estarem sempre à procura de algo que os iluda” (Sêneca in Urry, 2001 apud Velloso, 2004) e sendo da natureza humana viajar a pergunta a ser feita é A Cidade de Macapá é um local a ser Visitado?

A resposta é sim e os atrativos naturais e culturais são muitos, como ser única capital do Brasil cortada pela linha imaginaria do Equador, possuir grandes áreas de paisagem tipicamente amazônidas, dentro de seu perímetro urbano. A cidade de Macapá também é banhada pelo Rio Amazonas o maior rio do mundo em extensão e volume d’água, isso por si só seria garantiria a potencial atratividade posto que “é perceptível o fascínio que os recursos hídricos exercem sobre as pessoas, pois de maneira geral, quando planejam suas férias ou simplesmente o lazer do final de semana, as pessoas buscam, na maioria das vezes, locais que envolvam água tais como piscinas, lagos, rios, cachoeiras, etc.” (Lima, 2007). Sob esta ótica é inegável que apenas a possibilidade de acesso ao Rio Amazonas em locais ainda pouco conhecidos, dentro do perímetro urbano da cidade, como é o caso da orla entre o Aturiá e o Murici, ativariam novos pontos turísticos, claro fornecendo o mínimo de infraestrutura para tal.

E apesar destas características “hoje em dia, muita gente sonha em conhecer a Amazônia. Mas poucos embarcam efetivamente em alguma aventura por essa região. A atividade ecoturística ainda é muito reduzida. O Brasil recebe cerca de cinco milhões de turistas estrangeiros por ano. Desses, chegam à Amazônia menos de 100 mil pessoas.” (FERREIRA E COUTINHO, 2002).

É fato que a cidade de Macapá tem graves problemas de infraestrutura, ocasionados por diversos motivos, em especial a falta de planejamento e os níveis de crescimento da população que é maior que a media dos outros estados, estes fatos somados criam uma cidade a beira do caos, pois cresce desordenadamente, ocupando áreas ambientalmente frágeis sem as condições mínimas de dignidade aos moradores, e ainda sim se mantém o discurso da sustentabilidade através do potencial turístico, que ainda não foi verdadeiramente discutido e menos ainda planejado.

E neste ponto que outros conceitos se inserem na discussão além da sustentabilidade também o conceito de reforma urbana e os princípios da coletividade; cooperativismo; participação popular; economia solidária; ecologia, e outros termos coirmãos as estes.

Mas para que se efetive a potencialidade turística é necessário uma serie de investimentos em infraestrutura turística que alteraria a estrutura da cidade, dotando-a de equipamentos próprios e auxiliares e serviços para o desenvolvimento da atividade do setor do turismo.

Vale ressaltar que a atividade do setor turístico é grande gerador de renda verificado no ano de 2007 pelo IBGE que “as Atividades Características do Turismo geraram uma produção de R$ 168,8 bilhões. Constituindo-se, exclusivamente, como atividades prestadoras de serviços, sua participação no total do valor da produção gerado pelo setor de serviços foi de 7,1%. Na comparação com a economia brasileira, este valor representou 3,6%” (IBGE, 2010). Apesar de o turismo ser “um dos segmentos da economia que pode atender de forma completa e de maneira rápida vários desafios existentes, como, por exemplo, gerar empregos e divisas proporcionado a inclusão social” (Lima, 2007).

Por estes números esta atividade representa uma alternativa ao desenvolvimento urbano e social desde que este seja trabalhado de maneira sustentável, respeitando as relações ecológicas dos biomas que conformam grande parte da potencialidade da área estudada.

Fica a questão até quando a cidade de Macapá será a cidade do amanhã? Que propaga a sustentabilidade sem praticá-la? É necessário ações estratégicas de planejamento urbano sério que defenda o Direito a Cidade a todos os seus moradores, e faça disso sua marca maior. G4


Referências

Ferreira, Luiz Fernando e Coutinho, Maria do Carmo Barêa. ECOTURISMO: visitar para conservar e desenvolver a Amazônia. Brasília: MMA/SCA/PROECOTUR, 2002.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Estudos e Pesquisa: Informação Econômica – Economia do Turismo - Uma Perspectiva Macroeconômica. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,Brasilia, 2010.

Lima, Josana de Oliveira. Sustentabilidade Ambiental na Atividade Turística: Um olhar sobre o Projeto Orla. Universidade de Brasília – Centro de Excelência em Turismo (Monografia), 2007.

Por: Wandemberg Gomes, Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAP

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