23 de novembro de 2011

MANIFESTO AO POVO BRASILEIRO: Em Defesa da Democracia e da Participação Social

Os signatários do presente Manifesto, líderes de organizações populares de diversos segmentos da sociedade, dirigem-se ao povo brasileiro para rechaçar os ataques das forças conservadoras do país, particularmente de parte da mídia monopolizada, que a pretexto de defender a ética e a moralidade na gestão dos recursos públicos, condenam sumariamente a prática democrática e justa de celebração de convênios e parcerias entre os movimentos sociais, ong’s e os poderes públicos constituídos, em especial a União.


Essas parcerias, apoiada nos mais altos valores democráticos e, devidamente controladas pelos órgãos oficiais de fiscalização, reforçam a profundidade e amplitude da ação do Estado, ampliam a prática democrática dos governos e contribuem para o amplo desenvolvimento do país, com crescimento econômico e justiça social.



É preciso denunciar a propaganda ideológica em curso que manipula a informação com suposta neutralidade de interesses, invertendo a ordem dos fatos, transformando as vítimas em algozes. O que é preciso denunciar de fato é que os donos do poder, aqueles que vitimaram a sociedade brasileira por 500 anos, sempre em nome de seus interesses pessoais, de famílias ou grupos econômicos, estão altamente descontentes com a transformação social e econômica em curso no Brasil.



Não só a ascensão social e econômica dos de baixo, mais o empoderamento destes através de sua auto-organização tem assustado e acuado os interesses da minoria que mandaram e desmandaram neste país. Cabe-nos anunciar a sociedade brasileira que este movimento engenhoso, que busca a deslegitimação e criminalização dos movimentos sociais e ong’s, é parte integrante de uma arquitetura planejada daqueles que sempre tiveram o Estado brasileiro a seu serviço.



A tentativa permanente de questionar a autonomia dos movimentos sociais e ONG´s criminalizando as entidades da sociedade civil, e mais recentemente a relação destas com governos democráticos e populares, têm como pano de fundo promover um grave retrocesso democrático e está na contramão do atual modelo de desenvolvimento em curso no país, amplamente aprovado pelo povo brasileiro com a eleição do Presidente Lula, sua reeleição e a condução da sucessão deste projeto com a vitória da Presidenta Dilma Rousseff.



No campo da reforma urbana, defendemos a proposta autogestionária e o papel fundamental dos movimentos populares e demais entidades sociais na produção social de territórios de inclusão social. O Programa Minha Casa Minha Vida Entidades é fruto da histórica construção de movimentos, cooperativas e assessorias em parceria com o poder público e tem demonstrado resultados positivos, com moradias melhores e maiores, além de comunidades mais fortalecidas.



Nossa luta deve e irá avançar. As calúnias, a tentativa de golpe nas conquistas do povo brasileiro, serão respondidos à altura nas ruas e nas redes sociais por nossa ação militante e a organização de nossas entidades. Permaneceremos construindo, potencializando e aperfeiçoando um sistema de participação social, que atribua cada vez mais vínculos de cooperação entre a sociedade civil e o Estado.



Denunciaremos e combateremos toda e qualquer forma de retrocesso, seja pelos ataques infames da mídia golpista e monopolizada, ou dos partidos e entidades daqueles que querem recolocar o Estado brasileiro a serviço de seus interesses particulares, que negam as urgências da sociedade brasileira. Como também, de possíveis recuos dos governos que estejam pautados por este ataque violento e calunioso.



Por um novo marco regulatório para as entidades da sociedade civil e movimentos populares.

Pela Reforma Política.
Pela Reforma Urbana e pelo Direito à Cidade.
Brasília, 16 de novembro de 2011


4 de novembro de 2011

A poética arquitetural

"Ce n’est pas l’angle droit qui m’attire, ni la ligne droite, dure, inflexible, créée par l’homme.
Ce qui m’attire est la courbe libre et sensuelle.
La courbe que je trouve dans les montagnes de mon pays, dans les cours sinueux de ses rivières, dans les nuages dans le ciel, dans le corps de la femme aimée." Oscar Niemeyer


Qualquer linha reta, em certa escala
é apenas um ponto.
E assim a reta se forma
unindo-se dois pontos.

É a reta também que compõe qualquer curva.
Seria, então, a um trecho da curva?
Particular trecho!

Tão peculiar que
curvilínea reta
que se interligam
ponto a ponto
da lombar ao dorso
segue-se ao pescoço.

Verdade bruta,
da textura nua
a beleza pura,
da pele tua.

do traço continuo e natural
da mão;
da curva;
do beijo à francesa.

 
Bandit, 2011


Por Wandemberg Gomes, Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo

3 de novembro de 2011

Sobre a orla urbana de Macapá


Grande parte da orla de Macapá é singular por diferentes motivos, mas principalmente por se tratar de uma área com sua paisagem natural ainda muito preservada, apesar de se tratar de uma orla urbana, e que abriga atividades humanas tradicionais, como a carpintaria naval, que conformam uma paisagem tipicamente nortista, um fragmento ribeirinho que resiste às pressões da outra cidade, a que se globaliza e evolui.
 
Graças a estas características a cidade de Macapá possui elevado potencial turístico, entendendo turismo como a atividade descrita pelo Ministério do Meio Ambiente como “o movimento temporário de pessoas para local diferente de suas residências e trabalhos habituais, as atividades realizadas durante sua permanência e as facilidades criadas para atender as necessidades dessas pessoas” (FERREIRA E COUTINHO, 2002) e a Organização Mundial de Turismo define turismo por:

“Como o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e estadas em lugares distintos do seu entorno habitual, por um período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado.” (CUENTA, 2001 apud IBGE, 2010)

É dessa forma uma atividade relacionada com a necessidade do ser humano de viajar conhecer novos lugares, ampliar suas perspectivas e para tal “os homens viajam muito para diferentes espécies de lugar à procura de diferentes distrações por serem volúveis cansados de uma vida mansa, e por estarem sempre à procura de algo que os iluda” (Sêneca in Urry, 2001 apud Velloso, 2004) e sendo da natureza humana viajar a pergunta a ser feita é A Cidade de Macapá é um local a ser Visitado?

A resposta é sim e os atrativos naturais e culturais são muitos, como ser única capital do Brasil cortada pela linha imaginaria do Equador, possuir grandes áreas de paisagem tipicamente amazônidas, dentro de seu perímetro urbano. A cidade de Macapá também é banhada pelo Rio Amazonas o maior rio do mundo em extensão e volume d’água, isso por si só seria garantiria a potencial atratividade posto que “é perceptível o fascínio que os recursos hídricos exercem sobre as pessoas, pois de maneira geral, quando planejam suas férias ou simplesmente o lazer do final de semana, as pessoas buscam, na maioria das vezes, locais que envolvam água tais como piscinas, lagos, rios, cachoeiras, etc.” (Lima, 2007). Sob esta ótica é inegável que apenas a possibilidade de acesso ao Rio Amazonas em locais ainda pouco conhecidos, dentro do perímetro urbano da cidade, como é o caso da orla entre o Aturiá e o Murici, ativariam novos pontos turísticos, claro fornecendo o mínimo de infraestrutura para tal.

E apesar destas características “hoje em dia, muita gente sonha em conhecer a Amazônia. Mas poucos embarcam efetivamente em alguma aventura por essa região. A atividade ecoturística ainda é muito reduzida. O Brasil recebe cerca de cinco milhões de turistas estrangeiros por ano. Desses, chegam à Amazônia menos de 100 mil pessoas.” (FERREIRA E COUTINHO, 2002).

É fato que a cidade de Macapá tem graves problemas de infraestrutura, ocasionados por diversos motivos, em especial a falta de planejamento e os níveis de crescimento da população que é maior que a media dos outros estados, estes fatos somados criam uma cidade a beira do caos, pois cresce desordenadamente, ocupando áreas ambientalmente frágeis sem as condições mínimas de dignidade aos moradores, e ainda sim se mantém o discurso da sustentabilidade através do potencial turístico, que ainda não foi verdadeiramente discutido e menos ainda planejado.

E neste ponto que outros conceitos se inserem na discussão além da sustentabilidade também o conceito de reforma urbana e os princípios da coletividade; cooperativismo; participação popular; economia solidária; ecologia, e outros termos coirmãos as estes.

Mas para que se efetive a potencialidade turística é necessário uma serie de investimentos em infraestrutura turística que alteraria a estrutura da cidade, dotando-a de equipamentos próprios e auxiliares e serviços para o desenvolvimento da atividade do setor do turismo.

Vale ressaltar que a atividade do setor turístico é grande gerador de renda verificado no ano de 2007 pelo IBGE que “as Atividades Características do Turismo geraram uma produção de R$ 168,8 bilhões. Constituindo-se, exclusivamente, como atividades prestadoras de serviços, sua participação no total do valor da produção gerado pelo setor de serviços foi de 7,1%. Na comparação com a economia brasileira, este valor representou 3,6%” (IBGE, 2010). Apesar de o turismo ser “um dos segmentos da economia que pode atender de forma completa e de maneira rápida vários desafios existentes, como, por exemplo, gerar empregos e divisas proporcionado a inclusão social” (Lima, 2007).

Por estes números esta atividade representa uma alternativa ao desenvolvimento urbano e social desde que este seja trabalhado de maneira sustentável, respeitando as relações ecológicas dos biomas que conformam grande parte da potencialidade da área estudada.

Fica a questão até quando a cidade de Macapá será a cidade do amanhã? Que propaga a sustentabilidade sem praticá-la? É necessário ações estratégicas de planejamento urbano sério que defenda o Direito a Cidade a todos os seus moradores, e faça disso sua marca maior. G4


Referências

Ferreira, Luiz Fernando e Coutinho, Maria do Carmo Barêa. ECOTURISMO: visitar para conservar e desenvolver a Amazônia. Brasília: MMA/SCA/PROECOTUR, 2002.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Estudos e Pesquisa: Informação Econômica – Economia do Turismo - Uma Perspectiva Macroeconômica. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,Brasilia, 2010.

Lima, Josana de Oliveira. Sustentabilidade Ambiental na Atividade Turística: Um olhar sobre o Projeto Orla. Universidade de Brasília – Centro de Excelência em Turismo (Monografia), 2007.

Por: Wandemberg Gomes, Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAP